Se você trabalha com conteúdo, certamente conhece a sigla UGC – User Generated Content – conteúdo gerado pelo usuário (ex: avaliação de produto em e-commerce; redes sociais, que não possuem conteúdo próprio, mas dependem da publicação dos usuários). O foco deste artigo é EGC, sigla para Employee Generated Content, em que compartilho minha experiência prática – espero que seja útil!
Por que conteúdo é importante?
Embora algumas pessoas dizem “hoje em dia ninguém lê“, o fato é que conteúdo tem sim sua importância, especialmente na Web.
Primeiro, não se pode generalizar que todo mundo não lê texto – há personas diferentes e em situações diferentes, que vão guiar o foco da sua atenção na leitura, assim como há formatos de conteúdo que se adequam melhor a cada situação. Exemplos: certamente, o seu nível de atenção aos detalhes ao ler a descrição de produtos em uma loja virtual será diferente entre algo de baixo valor pra você e algo de alto valor para a empresa em que você trabalha, que pode significar transtornos e prejuízo para a cia em caso de uma compra errada. Assim como formato vídeo para conteúdo tende a ser melhor para tutoriais do tipo “faça você mesmo” do que ler os passos em texto.
O segredo para essa questão é facilitar a leitura do usuário para que seja capaz de encontrar a resposta que precisa sem dificuldades e que o objetivo do texto seja alcançado, ou seja, que o leitor entenda aquilo que lê. Para isso, não deixe de conferir o artigo Webwriting: 25 Dicas de Escrita pra Web.
Segundo, quem navega na Internet usa o Google em algum momento. Para ser capaz de responder de forma assertiva as buscas dos usuários, é necessário que a resposta seja encontrada em sites disponíveis na Web para o Google achar e retornar ao usuário. Portanto, não existe SEO sem texto. Quanto maior o texto, maior a chance de responder perguntas de cauda longa do Google. Lembrando que conteúdo de qualidade é fundamental – para o usuário e para o Google.
Maneiras para gerar conteúdo
Há algumas maneiras de gerar conteúdo, como por exemplo contratar redatores ou agências de redação. Inclusive, este profissional tende a conhecer boas práticas de redação com práticas de SEO.
Se sua dor é ter ideias sobre o que falar, confira o artigo: Escrever para Web: 7 Dicas para Ter IDEIAS de CONTEÚDO
Mas conteúdo de qualidade e de baixo custo seria o ideal, não é mesmo? Isso é possível! Confira duas alternativas a seguir:
UGC – User Generated Content
Conforme diz a tradução, UGC é a sigla para conteúdo gerado pelo usuário. Ou seja: o próprio usuário gera o conteúdo para os sites. Não estou me referindo a Blogs, em que a pessoa escreve em seu próprio site, mas geração de conteúdo para outros sites. Exemplos mais comuns: redes sociais em geral, fóruns da Internet, Wikipedia.
O meu preferido é avaliação de produto em e-commerce (review) – além de ser conteúdo gratuito gerado pelo cliente, há mais duas vantagens: clientes tendem a usar palavras mais populares/regionalizadas que as pessoas buscam no Google, mas que a marca não pode utilizar pela informalidade do termo; e outra vantagem é a prova social – avaliação de quem já comprou produto ou serviço pode ajudar na tomada de decisão de outros clientes em comprar/contratar o mesmo fornecedor/loja. Quem nunca leu avaliações de locais para se hospedar antes de viajar, não é mesmo?
Saiba mais detalhes sobre UGC, dicas e vantagens no artigo:
UGC – Conteúdo Gerado por Usuários: o que é + vantagens
EGC – Employee Generated Content
Chegamos no foco deste artigo, talvez uma sigla menos popular em Marketing de Conteúdo: conteúdo gerado pelo próprio funcionário da empresa. Normalmente, conteúdo de maior aprofundamento técnico para aproveitar o conhecimento do profissional na área de atuação. Porém, requer alguns cuidados, confira a seguir.
EGC – Conteúdo Gerado pelo Funcionário
Como começar a produzir Employee Generated Content?
Antes de começar, é importante entender se faz sentido pro nicho, mercado de atuação da empresa em que você trabalha. Particularmente, vejo que quanto mais técnico ou nichado for o produto/serviço oferecido, melhor será adotar EGC. Motivos:
- Produtos muito técnicos irão requer maior estudo/preparação de um redator para entender do que se trata antes de redigir o conteúdo, levando mais tempo para publicação;
- Maior probabilidade do redator, por estar fora do contexto da cia, escrever textos superficiais que não ajudam o usuário e nem o Google;
- Profissional especialista eleva a qualidade do conteúdo, contribuindo para E-A-T (Expertise, Authoritativeness, Trustworthiness), ou seja, ajudando em SEO. Além disso, se o conteúdo for assinado pelo autor-funcionário, passa ainda maior confiabilidade ao leitor sobre a credibilidade do conteúdo (e sobre a empresa também).
Recomendações e Cuidados com Employee Generated Content
Se você entende que faz total sentido, confira algumas recomendações e cuidados para evitar ruídos dentro da cia sobre sua proposta de conteúdo gerado por funcionários.
- Elabore uma proposta explicativa antes de falar com as áreas envolvidas: um material de apoio poderá ajudar a vender sua ideia às áreas que você gostaria que se envolvessem na produção de conteúdo. Neste material, vale mencionar qual a proposta (o que), razões e importância ao negócio (porque), fluxo/processo estruturado para definição de pautas, escrita, prazos de entrega, revisão e publicação (como) e, é claro, resultados esperados (KPIs, métricas de sucesso) – resultados tanto para a cia quanto também para a pessoa que irá comprometer seu tempo escrevendo.
- Direito autoral do conteúdo: se essa pessoa assinar o conteúdo como sendo de sua autoria (ideal para credibilidade EAT) e ela sair da empresa, quem tem direito autoral pelo conteúdo? A empresa terá que remover a publicação ou não? Esse ponto é bem importante para evitar problemas futuros. Elabore um pequeno contrato com o setor jurídico da empresa para que seja assinado em comum acordo, para estarem preparados caso essa situação ocorra. Já dizia o ditado que o combinado não sai caro.
- Liderança do autor como sponsor do projeto: muito importante que a liderança do profissional que irá redigir o conteúdo tenha também comprado a ideia. Do contrário, será reduzida a chance da gestão permitir que parte do tempo de seus liderados não seja atuando em sua área, mas redigindo conteúdo. Alinhar expectativas e realizar alguns combinados são questões fundamentais para evitar frustrações futuras. Principalmente se você espera ter certa periodicidade de publicação.
- Orientações básicas sobre SEO e práticas de redação para Web: antes do profissional especialista começar a escrever seu primeiro conteúdo, vale dar uma breve explicada sobre a importância de dividir o conteúdo em títulos/subtítulos, storytelling, quantidade mínima de palavras que você espera receber, cuidado com excesso de “tecniquês” e inserção de algumas palavras-chave que você considera importante. Também vale definir as pautas em conjunto, especialmente pensando que quanto mais técnico o conteúdo, mais irá atender buscas cauda longa. Para lhe ajudar nessa conversa, confira o artigo: 25 Dicas de Escrita pra Web.
- Revisão ortográfica: proposta aceita, conteúdo produzido, perfeito! Agora é hora de você revisar se está tudo OK antes de publicar – garanta que erros de escrita e de concordância não estejam presentes no texto, pois isso pode comprometer a credibilidade da empresa.
- Bonificação/Gamificação: aqui apenas uma sugestão – considere alguma dinâmica de recompensa e/ou gamificação como incentivo para os funcionários produtores de conteúdo. Desta forma, os “redatores da cia” podem se sentir mais motivados a colaborar. Ao buscar no google “gamificação para funcionários”, você encontrará soluções desse tipo. Também vale incentivá-los a divulgar link de seus artigos para a rede de contatos, publicar em redes sociais para aumentar o tráfego ao conteúdo.
Exemplos práticos de EGC
Conteúdo em vídeo
Alguns anos atrás, participei de um projeto para gravação de vídeos com apoio de funcionários para transformar o canal do YouTube da empresa em um portal de conteúdo relevante.
É uma rede de franquias, e funcionários(as) dessas franquias gravaram vídeos conforme as orientações do time de Marketing Digital, mas o conteúdo principal do roteiro foi elaborado por cada participante, é claro. Um lote grande de gravações foi realizado em um estúdio improvisado com Chroma Key por 2 dias, e o time de áudio visual da empresa fez a edição final de inserção de fundos e efeitos. Com isso, pudemos trabalhar com grande quantidade de vídeos por meses, agendando com periodicidade a publicação no YouTube. Tudo isso com custo dos times de Marketing e áudio-visual – custo externo apenas do estúdio improvisado por 2 dias. Ao todo, custo muito baixo se comparado com realizar a mesma quantidade de vídeos em uma produtora.
Também realizado trabalho similar remotamente com clientes – porém, neste caso, enviamos orientações de como gravar com celular (ex: cuidado com fundo, ruídos, etc). Nestas duas situações, foi elaborado contrato de direito de uso de imagem e voz para evitar qualquer problema para a cia.
Conteúdo em texto
Texto é mais simples do que vídeo, até mesmo porque não são todas as empresas que possuem estúdio áudio-visual ou verba para contratar edição de vídeos. Para texto, as recomendações mencionadas mais acima são suficientes – se achar interessante, você também pode utilizar formato de entrevistar estes profissionais (ou coletar conteúdo com esses especialistas) e o time de redação consolida tudo para elaborar o conteúdo final. No meu caso, o conteúdo era publicado conforme autoria – acho que é até uma forma maior de reconhecimento pela ajuda, podendo gerar mais engajamento do profissional técnico.
De qualquer forma, insisto na importância da assinatura do conteúdo pelo autor especialista. Saber que foi um profissional da área que escreveu passa mais credibilidade e confiança para quem lê.
Benefícios do Employee Generated Content
Além do reconhecimento deste profissional que ajuda a compartilhar seu conhecimento, empoderar funcionários a falar publicamente sobre a empresa em que atuam traz benefícios para a cia, e isso pode contribuir a seu favor ao conseguir apoio para seguir adiante com as áreas envolvidas (afinal, as pessoas tendem a querer divulgar seus conteúdos em suas redes sociais, especialmente se o conteúdo consta autoria).
Quando vemos marcas em que os funcionários falam sobre seus trabalhos, palestram, gera maior interesse em outras pessoas na consideração dessa empresa para trabalhar, além da retenção desses profissionais que já estão na cia. Sabe aquela empresa que você admira e sonha em trabalhar um dia? Quem nunca? Provavelmente, você deve ter visto “propaganda” dos próprios funcionários que falam sobre a cia em eventos ou em alguma comunidade.
Mas o benefício vai muito além – funcionários engajados tendem a ser mais motivados e isso refletir positivamente no seu trabalho, contribuindo para o atingimento de metas. Em uma busca no Google por “Employee Engagement” é possível encontrar diversos artigos sobre o tema. E se buscar por “Employee Generated Content benefits“, é ainda mais surpreendente.
Há diversos estudos sobre isso disponíveis na Internet, mas usarei este artigo como exemplo da importância de se ter EGC dentro da sua estratégia de Marketing, benefícios que vão além das vantagens para as áreas de conteúdo e SEO, é claro.
- Fortalece a identidade da empresa.
- Constrói um senso de comunidade.
- Funcionários se tornam embaixadores da marca.
- Atrai novos talentos.
Conclusão
Acredito que não há dúvidas de que EGC, ou conteúdo gerado pelos funcionários, é uma estratégia de produção de conteúdo com muitos benefícios para a cia.
Porém, insisto que as recomendações acima são importantes para o sucesso da iniciativa – começar sem apoio da área que irá redigir e sem comprometimento, poderá gerar frustrações – por isso, alguns combinados são essenciais para o sucesso dessa estratégia.
Espero que esse conteúdo contribua para seu projeto!
Fonte da imagem de capa: https://www.pexels.com/ – Monstera Production